Cine Preguiça – A Teoria de Tudo

Vem mostrar que clichê não precisa ser ruim


Filme: A Teoria de TudoUnknown


Direção: James Marsh


Roteiro: Anthony McCarten


Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Tom Prior, Harry Lloyd, David Thewlis, Thomas Morrison, Emily Watson e Simon McBurney


O cinema tem essa característica diferente de ser ao mesmo tempo arte e industria.  Há quem defenda que deveria ser mais uma coisa ou outra, mas eu não sou um deles. Creio que tanto um aspecto quanto o outro vão fazendo o próprio cinema evoluir e dialogar com a sociedade, e também que tanto um aspecto quanto o outro em alguns momentos fazem as obras deixarem de mostrar evoluções em outros produzem obras sem relevância, ou pouco palatáveis… mas é assim desde o início e o cinema não é menos apaixonante por isso.


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É verdade, que vivemos um momento em que a industria vem impondo certas regras que dificultam um pouco o surgimento de obras geniais, mas eventualmente ou regras são quebradas, ou mesmo seguindo as regras aparecem filmes que ensinam como ser competente dentro dessas regras. “A Teoria de Tudo” é um filme biografia, das maiores modas atuais do cinema (ao lado de remakes, continuações e adaptações). Confesso que me da uma certa preguiça em princípio, porque cansou. já essa tentativa de se criarem heróis da vida real, e de tentarem transformar a vida de personagens retratados em algo mais interessante do realmente foi, e editando a vida das pessoas para evitar polêmicas (muitas vezes temendo processos judiciais). Esse filme, porém acabou me surpreendendo positivamente nesse sentido. Creio que tenha algum romanceado na trama, mas além de bem fiel a vida do cientista biografado, e do livro autobiográfico  de sua primeira esposa. O drama do personagem é contado, mas sem a tentativa de se endeusá-lo ou retirar da história menções de partes menos bonitas da vida do personagem. Polemicas, até publicas da vida de Stephen Hawkings não são desenvolvidas, o roteiro e a direção não se furtaram de mostrar e passar com boa força pontos de tensão que gerariam essas polemicas em um outro momento da vida do personagem diferente do tempo que foi mostrado na película. Que conhece essas histórias vai perdeber, e que não conhece sentirá algum incômodo que pode até levar pessoas a pesquisar sobre. Se a repercussão da atuação do protagonista é um clichê (sempre acontece com personagens que tenham alguma deficiência), ela acontece porque a interpretação é boa e convincente, e se será badalada e premiada, não será sem merecimento.


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Outro aspecto muito da industria que podemos observar desse filme, é a tentativa de se agradar vários públicos diferentes, na tentativa de se encher mais as salas de projeção. Essa situação quase tem impedido boas histórias de ganhar as telas, e as vezes geram filmes que são verdadeiras aberrações. Aqui não acontece. Há momentos que você enxerga o filme como uma comédia romântica, tem o drama, tem a superação, tem divulgação cientifica. A vida de todo mundo é assim mistura de momentos que tem sentimentos diferentes. Mas aqui, diferente do que é mais normal de acontecer, os elementos são mesclados naturalmente, de forma coerente não apenas com a vida dos biografados, mas também com os momentos de cada personagem dentro da trama e com o próprio arco do roteiro que vai levando o espectador de um sentimento a outro sem sustos e sem ofender a inteligência da platéia.


E por falar em inteligência, o filme consegue fazer em duas frentes que me fizeram aplaudir. Um foi apresentar conceitos físicos complicados para o publico em geral de forma rápida e didática e nada chata ou inconveniente. Além disso, o filme mostra o processo evolutivo da ciência como ele é na verdade, tateando as barreiras, passando por questionamento de pares, revisando teorias… e de novo como todo o filme de forma orgânica, sem se tornar maçante ou perdendo o foco. Esses dois aspectos somado a um diálogo bem no começo do filme onde a idéia estapafúrdia do amor ser a resposta para tudo na ciência é jogada, numa conversa de boteco e não num momento de decisão sobre o futura da raça humana, foram ainda como tapas de luva no recente irremediavelmente dispensável filme “Interestelar” (que sucumbe totalmente a essas mesmas regras da industria que Ä Teoria de Tudo” venceu), e que de tão ruim acabou me fazendo demorar um pouco mais a retornar as criticas de cinema cujas publicacões interrompi por um período. E só por esses tapas o filme já ganha pontos a mais.


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Filme vale muito a pena, tomara que seja influente a ponto de fazer a industria acertar mais na mistura de vários elementos em um filme.


 


  • Cotação: 10/13

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Autor do post e critico de cinema: Edmundo Fontela Emediato Grieco (O Mário)


Agora nesse retorno as resenhas cinematográficas, passo a publicar em três espaços bacanas, além do preguiçaalheia.com que primeiro me deu a oportunidade, também no também no torredosgurus.com.br, onde já publiquei e agora estreando no loserlandia.com.br. Os três endereços tem equipes e trabalhos bem legais e eu recomendo a todos.


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