Antigamente, se uma mulher estava comprometida, um homem raramente perdia tempo com ela. Partia para outra, para uma solteira, claro. E o contrário também acontecia, com elas a afastarem-se de homens comprometidos, para não levarem com o rótulo de amante. Agora não. Não se respeita as relações de ninguém, mas as primeiras pessoas a desrespeitarem-nas são as que estão dentro delas. Homens e mulheres comprometidos que não conseguem ser fiéis deveriam ter coragem para acabar com o que têm. Mas não. Tem-se coragem para trair, para ter esquemas manhosos, para contar mentiras, para viver com receio de se ser apanhado, mas não se tem coragem para ter uma conversa séria com a pessoa com quem dividimos a mesma cama e dizer-lhe olhos nos olhos que está tudo acabado. Para isso é preciso ter tomates. Todos temos amigos e amigas que já foram vítimas de infidelidade ou então foram eles e elas os infiéis. E não me venham dizer que não, que sou só eu que conheço pessoas assim.
Fazemos parte de uma geração de cornudos e colocar as mãos no fogo por alguém, quando se está numa relação, tem tanto de ingénuo como de perigoso. A única coisa que podemos fazer é amar a outra pessoa, respeitá-la e esperar que isso seja suficiente para que tudo corra bem. E o mais deprimente disto tudo é que por vezes o casal até se ama verdadeiramente e, mesmo assim, surge em cena uma terceira pessoa. E para isto, meus amigos, não consigo ter nenhuma explicação nem teoria. A não ser que o amor é mais fraco do que a vontade de acrescentar ao currículo sexual mais uma conquista rápida, crua e sem sentimento, como se isso fosse algo de grande importância nesta vida. Como se alguém ganhasse um prémio por ter o maior número de parceiros sexuais possível. O maior prémio que se pode levar desta vida é ter conseguido amar e ser amado genuinamente. O resto, bem, são apenas meras histórias que se contam aos amigos.